Bjinhos, Manu
Não tenha filhos. Não tenha filhos se você quiser tê-los para salvar seu casamento, para mudar a sua vida, para ter alguém para cuidar de você na velhice ou, simplesmente, porque todas as suas amigas estão tendo.
Ter um filho não é segurança para casamento algum. Pelo contrário, se as coisas já não estão bem, o marido vai abandonar o barco no primeiro momento de stress que vocês viverem, o que, vamos ser sinceras, não é nada raro após a chegada de um bebê.
Ter um filho também não vai mudar sua sua vida. Quer dizer, a sua vida até irá mudar, mas a sua forma de encarar o mundo continuará absolutamente a mesma você não crescer por dentro. Se você quer ter um filho porque está infeliz, quer novos desafios ou quer dar um sentido para a sua vida, então vá fazer terapia, inscreva-se em alguma aula de artes marciais ou faça uma viagem daquelas bem bacanas, que a gente guarda na memória para sempre.
E lembre-se que ter um filho também não é garantia de cuidados na velhice. Se você quer ter um filho para ter certeza que alguém olhará por você quando os anos baterem à porta, esqueça. Ninguém está pronto para ser pai ou mãe quando nessa experiência quer mais receber do que dar. Aqui, a história é outra.
Por fim, se para você ter um filho é importante simplesmente porque todas suas amigas estão tendo e você não quer ficar para trás, então desista já dessa ideia. Ou você também vai querer mudar a cor do cabelo porque a sua amiga mudou, se divorciar porque a sua amiga largou o marido ou mudar para Bangladesh porque ela recebeu uma proposta de trabalho lá? Quer fazer o que as amigas fazem? Combinem uma viagem juntas, vá ai cinema com elas, marquem um almoço num final de semana. Mas deixem os filhos fora dessa.
Por outro lado, tenha filhos se você estiver disposta a abrir mão, a mudar de opinião, a dar mais que receber, a passar noites em claro, a reclamar menos, a se preocupar mais, a aceitar que as coisas saem do rumo, a dar o braço a torcer, a não perder as esperanças. Ou então, se você já aprendeu o significado das palavras resiliência, esperança, fé, calma e paciência e se você sabe colocar todos esses conceitos em prática.
Por fim, tenha filhos por eles, e não por por você. Tenha filhos pelo amor que você será capaz de dar, e não de receber. Tenha filhos pela prazer da entrega, da renúncia e do aprendizado. Porque só assim, sabendo que abrir mão é necessário, que fazer escolhas é imprescindível e que algumas perdas farão parte da jornada você conseguirá viver plenamente a experiência da maternidade e aproveitá-la na sua real intensidade.
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